Arritmia.
Certa fonese cardíaca
O estetoscópio não ausculta,
É dano por golpe de estaca
Calando o peito sem escuta.
Fado sem volta de um sorrir,
Bandido roubando inotropia
Galopando fuga da diligência
No imenso deserto do sentir.
Agripalma alguma freia esse galopar
Descabido, autônomo, sem destino.
É ópio de funduras na alma a sonhar,
Acelerando vinhas no mediastino.
Angina, dor, cãibra que não se aprende,
Etiologia viva na diretriz que só se sente.
Só e tão somente fica surdo aos cantos.
Só e tão somente esquecido nos cantos.
O ritmo binário em coma
Agita sem vez e mais que veloz
A formação sem diploma
Do coração que perde sua voz.
Não é doença, é só dor, dor e só,
Ritmando o relógio sem cura:
Na balada do tic nervoso (tum),
No bater tac cárdico (tá).
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Em semiologia, o processo de aprendizado da ausculta cardíaca mostra as onomatopeias TUM e TÁ, que são usadas por lembrarem alguns dos sons audíveis no coração. Estes são as chamadas bulhas cardíacas, e refletem a atividade do coração (sístole, diástole e etc.), alterações ou sons adicionais acompanhando-as podem ser indicativos de que algo não segue normalidade no sítio cardíaco.
O “Tum” é a primeira bulha (B1), a segunda bulha (B2) o som é “Tá”, e estes sons correspondem a:
B1 (Tum): Fechamento da valva mitral e tricúspide.
B2 (TÁ): Fechamento da valva aórtica e pulmonar.
Esse texto foi inspirado em outra poesia que fala sobre a possível voz do coração.
Não me recordo o autor, mas fica aqui o agradecimento pela inspiração.