Arritmia.

Certa fonese cardíaca

O estetoscópio não ausculta,

É dano por golpe de estaca

Calando o peito sem escuta.

Fado sem volta de um sorrir,

Bandido roubando inotropia

Galopando fuga da diligência

No imenso deserto do sentir.

Agripalma alguma freia esse galopar

Descabido, autônomo, sem destino.

É ópio de funduras na alma a sonhar,

Acelerando vinhas no mediastino.

Angina, dor, cãibra que não se aprende,

Etiologia viva na diretriz que só se sente.

Só e tão somente fica surdo aos cantos.

Só e tão somente esquecido nos cantos.

O ritmo binário em coma

Agita sem vez e mais que veloz

A formação sem diploma

Do coração que perde sua voz.

Não é doença, é só dor, dor e só,

Ritmando o relógio sem cura:

Na balada do tic nervoso (tum),

No bater tac cárdico (tá).

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Em semiologia, o processo de aprendizado da ausculta cardíaca mostra as onomatopeias TUM e TÁ, que são usadas por lembrarem alguns dos sons audíveis no coração. Estes são as chamadas bulhas cardíacas, e refletem a atividade do coração (sístole, diástole e etc.), alterações ou sons adicionais acompanhando-as podem ser indicativos de que algo não segue normalidade no sítio cardíaco.

O “Tum” é a primeira bulha (B1), a segunda bulha (B2) o som é “Tá”, e estes sons correspondem a:

B1 (Tum): Fechamento da valva mitral e tricúspide.

B2 (TÁ): Fechamento da valva aórtica e pulmonar.

Esse texto foi inspirado em outra poesia que fala sobre a possível voz do coração.

Não me recordo o autor, mas fica aqui o agradecimento pela inspiração.

Wallace Urzais (Wallace Pereira)
Enviado por Wallace Urzais (Wallace Pereira) em 17/08/2012
Reeditado em 29/04/2013
Código do texto: T3835635
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