Poema duas caras
Quando nasci
Meu anjo Nataniel
daqueles bem cabeça
disse: Vai, Isa! Tirar essa craca!
Todo mundo espia todo mundo
e eu, a mim mesma.
Talvez o dia fosse mais legal
Se não me aparecesse tanto crica.
Queria eu ver cérebros azuis, verdes, rosas, amarelos
Mas naquele busão lotado de gentes
Só vejo cérebros de cor uniforme
Pra que tanta massa encefálica, Jesusinho, se ninguém usa!
O moleque atrás dos aparelhos eletrônicos
Da internet
Dos pais
Do mundo
Tem um milhão de pseudo-amigos
Meu Deus, tem internet aí no ceu?
Por que me abandonastes sem Wi-fi grátis?
Mundo mundo estranho mundo
se eu me chamasse Filisbina
Ia dar na mesma
Não gosto tanto de rima
Sabe, é que...
Esse uísque,
E essa caipirinha,
E essa vodca,
E esse cointreau,
E essa champanhe...
Me deixa mais séria do que sou.