À BEIRA-MAR
Murmúrios... ... ...
Bem longe...
Ouço... Murmúrios... ...
Tudo é silêncio... Em mim...
Tudo é silêncio... ...
O vento frio na minha pele.
Já não ouço o canto da gaivota.
O sol se foi.
Os sons abafados, gritos, buzinas, conversas...
Tudo se foi... É silêncio agora.
Agora tudo é silêncio.
O brilho estonteante,
Cede lugar a uma claridade tênue,
Calma, fria,
Silenciosa.
É fria.
É nova.
É bela.
É prata.
É d’ouro.
É rica.
É sonho.
É sono.
É vida.
É noite.
É lua.
Bem perto ouço murmúrios...
É o mar...
O grande mar.
O vai e vem das ondas que nunca cessam.
Vão e vem sempre... Sempre.
O meu coração
Chegam e vão lembranças
Tão cândido o luar
Tão sublime o amor
Tão triste estou
Prateia a minh’alma
Enobrece o meu corpo
Dourado, queimado, doído.
Espelho dourado
Prateado
Azul escuro
Preto
O vermelho se mistura ao ouro
Ao branco da areia
Ao sereno da solidão
Ao brilho opaco da lâmina.
09.05.91