Adeus
Adeus
Falas tanto em solidão
Mas escondes a cabeça feito avestruz
Embaixo do travesseiro...
Lágrimas escorre dos teus olhos, feito água de chuveiro...
Tento beijar-te à fronte...escondes a face
Com lenço transparente de seda.
Tiro certeiro no peito, me mata...
Feito erva daninha, vou brotando entre mato e matas...
Revirando o solo, força bruta, cansaço nos braços
De tanto cavucar a terra árida e seca.
O olho, fora da terra. A luz do sol...germinando...
Água da chuva, molhando-me...Quê sede...
Ato-me...ressuscito-me, abraço-me!
Enlaçado nó, num mar de martírio,
Desmartelo-me feito prego enferrujado, na parede
Estou preso até o pescoço, nó cego.
Feito aranha, desprendo-me da teia
Piso na areia movediça dos teus passos...
Silenciosos passos...silenciosa voz...
Tudo é silêncio...nos abissais das palavras
No labirinto dos versos sem luz
Do sol que esconde-se de mim...agora.
Estou cego. Só trevas e algumas nuvens, penumbra de fumaça
Minha casa está em chamas...
Eu, apagando o fogo com brasa.
Caminho numa estrada onde estrada não há
Nem curvas...Acho que nem caminhos...
Somente espinhos...facões, desvarios e devaneios
Somente, uma semente no trevo.
Corte no pescoço, profundo...Sangrando os segredos!...
Múltiplo...quero me sentir...
Quero sentir tudo feito labaredas
Como se o sangue estancasse
Em catarse e frações de segundos
O mundo girando em volta do mundo, de mim...
Sensações de desfalecer...
Pousando em meu pés e eu em Via Crucis.
Em queda-livre derrubando muros e barreiras
Pontes de safena, costurada nas artérias e veias
Forte e fraco
Profético, equivalente
Prudente, mas insensato.
Sou o camareiro imediato do navio, o convés e o comandante
O timão, o timoneiro e o mestre de cerimônia, tudo ao mesmo tempo
Como se o tempo se multiplicasse e eu fosse eus em um.
Coloquei-te num canto de minh'alma
Onde só existe altar para deuses...
Ambivalente, sem nome, nem pseudônimo....Eu...
Poeticamente eu.
Com braços abertos entre cruzes digo: Amém
Deus!...Salve-me desse amor...desencontrado...
Iludi-me a mim mesmo, acendendo a chama
Por Tu!...que não me ama...
Tens teus problemas...
Tuas aflições...teus anseios... devaneios...
E eu...Os meus...
São tantos desvarios, que não consigo resolver os teus...
O que faço? Peço-te perdão! E uma lágrima diz:
Sussurrando...
Adeus.
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨Interação¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Adeus....Cinco letras que choram
como cantou Francisco Alves
ave que se foi de repente
como os amores de despedem
e mal tem tempo de despedir.
Eu nasci já dizendo adeus
que é o que todo poeta aprende
desde que nasce.
Todo poeta ao acabar de conhecer já se despede
Às vezes, antes de despedir
consegue fixar o adeus na palavra
e isto já é muito
e isto já é "quase" tudo.
No quase fica a dor de não conseguir existir
a dor de não conseguir existir...
Zuleika dos Reis
...........................Obrigado, querida ZU! ........................
Pela brilhante inspiração, carinho...tony.