Ruínas de uma Memória Envelhecida

Minhas velas acesas em becos sombrios

distorcendo os vultos entre os flagelos

de um homem-pássaro em sua gaiola,

e o sol noturno foi sepultado em Tebas

enquanto as esposas do sultão sorriam

ao mercador de almas e aos dragões de Komodo.

Meu archote guiando escaravelhos pelos corredores

e iluminando os olhos da princesa das terras baixas

que solitária nos campos de flores e borboletas

cantava aos moinhos e caçava as lebres malhadas da lua,

e o período de descanso foi de uma medida interminável

e sua vontade foi pesada e vendida pelo último nômade.

Meu calabouço escuro bebe corações

e se embebe de seiva de samambaias

que crescem nas paredes úmidas das ruínas

esquecidas entre duas montanhas nos Andes,

e os velhos ossos e joias da civilização Muti

encantam nas praias frias do pacífico sul.

Meu caminho, meus cabelos alvoroçados

ventando solitário nas trilhas de Machu Pichu

em busca de uma escadaria para o céu

alimentando lhamas com moitas de estrelas

alimentando todos os algozes responsáveis

pelos sacrifícios no topo das pirâmides maias.

E do outro lado da moeda César sorriu

mas o que é meu não é de César nem de Orfeu,

mas meus fósforos foram vendidos a Nero

e a fogueira foi imensa e brilhante em Roma

enquanto eu lia pergaminhos envelhecidos

na biblioteca inigualável de Alexandria.

E no frontispício do templo de Apolo em Delfos

eu li a inscrição que ecoará por todas as eras;

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