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Estranha Predileção






Varais vestidos de sonhos

Nas cores que o Sol arrebata

Roupas  estiradas no arame

Como este viver infame

Que arrasta para a estrada

Trajes de muitas almas

À espera  do amanhã

Noites que nascem cansadas

Sem pressa de ir embora

Sob o ar estagnado

Que  sufoca nos varais

Projetos inacabados

Estendidos  os desejos

Felicidade lampejo

Lambe a noite a lua fria

Que indiferente a tudo

Revela toda a magia

Na prata que enfeita o céu

Carrossel de fantasias

Parque das estrelas cadentes

Do existir deprimente

Onde se faz urgente

Suprir a sede de afeto

Encontrar caminhos retos

Um mundo menos concreto

Aranhas tecem as teias

Arranham  as rendas prata

Ateiam  as armadilhas

Insanos desejos nascem

Colmeia de mil rainhas

Pouco mel pra tanto potes

De barro frágil  moldados

Expostos nas prateleiras

De  longe se vê  os varais

O balanço dos lençóis

A seda que o vento leva

Como carrega os sonhos

Estendidos nas calçadas

Vestidos em tom carmim

Em busca  do amor sem fim

Fim de tudo filtra a noite

Entre as teias mal tecidas

Arranhadas por aranhas

Que sem pena ou piedade

Envenenam as entranhas

Estranha predileção

Sepultados os desejos

Escolha da
 solidão.






Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 14/08/2012
Reeditado em 14/08/2012
Código do texto: T3830956
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