Uma arroubo de audácia, esse ímpeto,
vontade de espatifar este silêncio na parede
e quebrá-lo em muitos milhões de palavras,
e varrer minuciosamente sussurros e cacos
para debaixo do tapete da indiferença.
Mas não posso...

Vontade de me perder nos labirintos do esquecimento...
e me arrependo do esquecimento e esqueço de esquecer.
E vou juntando as lembranças todas uma a uma,
empilhadas no caos de cada momento que passa.
Queria a graça de ter memória para nunca mais
e nunca mais pensar nisto.
Mas não consigo...

Que importância que tem essa falta de importância?
Essa importância que sempre tem a opinião alheia
que eu nunca pedi... É mesmo, nunca pedi!
E não quero mais que me enfeitem com rótulos
nem que me disfarcem com metáforas máscaras,
guarde pro diabo essa maquiagem da hipocrisia...

os rotos e os esfarrapados que se encham de rótulos:
louco, irascível, rebelde, mal amado, largado, dizem,
e tudo mais e o assunto está então encerrado.
Não. É minha lucidez que é transcendente.
Não. É minha vontade que só sabe ir em frente!
Não sou louco coisa nenhuma!
O mundo é que perdeu a capacidade de lucidez...

E os loucos só o são por apontar a loucura do mundo...

Eu queria viver sem a ideia desse amor,
dessa sombra que me atormenta cruelmente,
dessa presença que violenta sendo ausência.
Queria viver sem a mania de ainda esperar
que o amor que se foi venha por tudo no lugar.
Queria deixar tudo o que tenho e o que não tenho
e caminhar para sempre sem olhar para trás,
o amor, a vida, a estrada, o passo e o caminho,
a saudade, talvez felicidade, a vontade de não ser sozinho.

Mas não deixo...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 14/08/2012
Reeditado em 06/05/2021
Código do texto: T3830854
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