Espectro
Vedes que tu és ser da estrada
lânguido espectro diáfano,
da fria madrugada.
Que dizes desta espada,
qual rasga o teu corpo
e o sorriso absorto
que banha tua face?
Vai, vês se acaso nasce
do breu desses olhares
o júbilo que sonhaste.
Tu és ser das sombras
vagando sem destino
afogado até o pescoço
no mar do desatino.
Vai, vês se acaso nasce
do ventre infecundo,
as notas que embalem
as cores do teu mundo.
Não sejas diuturno
já que das sombras veio
enlace sem receio
esse mundo fusco.
Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2012.