O que posso eu?
O que posso eu,
Sendo tão pequeno
Emaranhado de células,
Moléculas e átomos?
Sou definitivamente
Matéria,
Poeira astral,
Pensamento,
Avivamento,
O bem e o mal...
O que posso eu,
Contra o visceral
Declínio dos princípios?
Cabeça,
Membros,
Tórax,
Abdome
E nada mais...
Tão ridículo,
Tão desnecessário,
Tão pífio
Ante o poder que criamos
E que fizemos
O maestro da vida.
Sim falo das cédulas,
Não das células
Que nada importam.
Falo do trono,
Que os facínoras ocupam
Falo dos déspotas
Filhos das putas,
Que os geraram para reinar.
Enquanto se morre à míngua,
De fome ou varíola
Por todo esse lugar.
O que posso eu?
O que podes tu?
O que pode ele?
Senão, tomarmos no cu?
Enquanto o jogo segue,
Sempre benéfico,
Aos que mais tem para comprar
E se compra de tudo
Amor,
Alegria,
Se compra até o dia.
Mas, aos que tem menos;
Resta apenas a sina
De se foder bem devagar
Sem pão duro,
Sem jantar,
Sem orgulho
E sem sonhar.
Por: Wellington Decot Calcagno Rio de Janeiro, 13 de agosto de 2012.