Alegorias sem Elegância
A poesia nascente junto à alvorada
sorri na minha mente sem demora
já é hora d’eu partir as letras e os jarros
e me banhar na luz diáfana da última candeia.
Eu deixarei espalhadas as consoantes
ressonantes, entrecortando as vogais
e o dia reluzente apartará minha luta
constante e necessária pelos sorrisos sanativos.
Nas lápides e no choro salgado de um filho
que compõe um amargo blues alienígena,
os olhos famintos saciarão seus pais
e eu navegarei só, espalhando balbúrdias nos portos.
Parece que não tenho um sentido motriz
nem um rumo certo, mas eu possuo o mapa
do tesouro escondido nas catacumbas do Vaticano
encontrado na Ilha da Caveira onde eu morri sete vezes.
A poesia partindo e levando minh’alma
adocicando crepúsculos intermináveis
aonde aguardo o chamado dos anciãos
escutando o dedilhar de uma rabeca.
Meus sonhos partidos e repartidos,
minhas jactâncias ostentam o impessoal
e festejo entre os formidáveis moribundos
regado a vinhos novos e a mel silvestre.
Semelhantes os olhares nessa ufania
detendo em seus colares uma certa bizarria;
eu sou somente um narrador de estapafúrdias,
relatando delírios nessa senda de alegorias.
E a noite encerra nos mágicos jardins
olores ásperos e corrosivos ao olfato do camafeu...