QUANDO EU FOR AVÓ
®Lílian Maial
Num lindo dia desses, quando eu for avó,
Eu vou vestir meus netos de doce aconchego,
Tratar de seus dodóis com massagem e apego,
Trazer a segurança de colo e de nó.
Em seus primeiros passos, dar o alento e a mão,
Fazer-me de almofada, travesseiro e ninho,
Ser fonte de alegria e forma do carinho,
Fazer sumir as manhas de uma bronca ou um não.
Quando eu tiver meus netos vou cozer um verso,
tempero de alfazema e galhos de alecrim,
Confeitos de sorrisos, flores do jardim,
Bocados de bagunça em chocolate imerso.
Cantar para dormir depois de uma aventura,
E de buchinho cheio e banho de banheira,
Espuma pelo chão, brinquedos na algibeira,
Nanar o meu tesouro com rimas de candura.
Quando eu tiver pimpolhos arteiros na cozinha,
Melar de brigadeiro a boca sorridente,
Deixar comer o bolo, quando ainda quente,
Lavar toda a sujeira com uma ajudazinha.
Sentar pra ver TV com pipocas aos montes,
Fazer um cafuné com a cabecinha ao colo,
Contar histórias lindas pra chegar o sono,
Levar para a caminha envolta de horizontes.
Num belo dia desses, faça sol ou chuva,
Pintar o sete, o chão e rabiscar parede,
Comer cachorro-quente, balançar na rede,
E sussurrar cantigas de suco de uva.
Quando eu virar vovó, em data inda distante,
Saber que a criatura é filha do poema,
Do amor que acreditou na posse sem algema,
Que viu crescer demais o que já foi gigante.
No dia em que eu for “vó”, do tipo maluquinha,
Moderna e descolada, livre e carinhosa,
Ensino o neto a ler, no vento, verso e prosa,
E a escrever soneto em canja de galinha.
Que cheguem muitos netos, com amor e saúde,
Que eu veja em seus semblantes os filhos que dei
Ao mundo e à natureza o tanto que eu amei,
Concretizar a paz na força do que pude.
Bem mais que tudo isso, eu quero é ver beleza
Nos olhos dos meus filhos, no compartir da vida,
Que ter felicidade, pra essa avó querida,
É estar minha família em torno dessa mesa.
Rio, 11/08/2012
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®Lílian Maial
Num lindo dia desses, quando eu for avó,
Eu vou vestir meus netos de doce aconchego,
Tratar de seus dodóis com massagem e apego,
Trazer a segurança de colo e de nó.
Em seus primeiros passos, dar o alento e a mão,
Fazer-me de almofada, travesseiro e ninho,
Ser fonte de alegria e forma do carinho,
Fazer sumir as manhas de uma bronca ou um não.
Quando eu tiver meus netos vou cozer um verso,
tempero de alfazema e galhos de alecrim,
Confeitos de sorrisos, flores do jardim,
Bocados de bagunça em chocolate imerso.
Cantar para dormir depois de uma aventura,
E de buchinho cheio e banho de banheira,
Espuma pelo chão, brinquedos na algibeira,
Nanar o meu tesouro com rimas de candura.
Quando eu tiver pimpolhos arteiros na cozinha,
Melar de brigadeiro a boca sorridente,
Deixar comer o bolo, quando ainda quente,
Lavar toda a sujeira com uma ajudazinha.
Sentar pra ver TV com pipocas aos montes,
Fazer um cafuné com a cabecinha ao colo,
Contar histórias lindas pra chegar o sono,
Levar para a caminha envolta de horizontes.
Num belo dia desses, faça sol ou chuva,
Pintar o sete, o chão e rabiscar parede,
Comer cachorro-quente, balançar na rede,
E sussurrar cantigas de suco de uva.
Quando eu virar vovó, em data inda distante,
Saber que a criatura é filha do poema,
Do amor que acreditou na posse sem algema,
Que viu crescer demais o que já foi gigante.
No dia em que eu for “vó”, do tipo maluquinha,
Moderna e descolada, livre e carinhosa,
Ensino o neto a ler, no vento, verso e prosa,
E a escrever soneto em canja de galinha.
Que cheguem muitos netos, com amor e saúde,
Que eu veja em seus semblantes os filhos que dei
Ao mundo e à natureza o tanto que eu amei,
Concretizar a paz na força do que pude.
Bem mais que tudo isso, eu quero é ver beleza
Nos olhos dos meus filhos, no compartir da vida,
Que ter felicidade, pra essa avó querida,
É estar minha família em torno dessa mesa.
Rio, 11/08/2012
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