Indigestão Poética
Pela mínima vergonha pura
Do corpo guardado em cofre,
Do mau jeito, de má sorte;
Como suicida que se empurra,
Tal qual faca que se esmurra
De um destino incerto ao norte.
Corpo santo acabrunhado
Com prazer de tenras unhas
De minhas trovas que eu compunha
Cambaleado no espaço,
Na torta linha e no compasso
Tão descompassado dessa dor que me embrulha.
Reação acelerada, dose feita...
Uma tal dor-de-barriga poética:
Em mim sobra o que em ti não resta,
Nossa medida quase perfeita!
Vomito-te as palavras eleitas
Do corpo mais que perfeito.