MINHA MENINA DO RIO.

Minha menina do rio graceja, esguia, espia.

Faz pouco caso do meu cheiro, da minha saudade, do meu chegar.

Minha menina do rio explode meus chocalhos, faz troça da minha alegria, esmigalha minha dor.

Desafina cada fio de cabelo, cada marca da minha pele, cada rasgo que trago na voz.

Ela é áspera, como a coxa dos deuses.

Faz refogado da minha alma, depois só ri. E como só ri.

Minha menina do rio é recheada, toda quermesse, toda corda de violão.

Quando chega, traz todo pó da minha alma.

Abana meus medos, surrupia cada pecado canhoto que sobrar em mim.

Menina farta, desviada.

Esmurro seus desejos com a foice franzida do meu tempo,

da minha alforria, por certo. Por tão certo.

Faço você me mamar pra dentro do seu peito, se faço.

Antes que horas tussam seus fardos fugidos,

antes que a voz menstrue, volto só pra revoltar você.

Depois que Deus desculpar suas estrepolias,

depois que tudo ficar mais enveiado, mais feliz, mais tudo,

farei de você a escudeira louca que sempre tive dentro de mim

e pouco falava.

Então, juntos, vamos até o fim do mundo.

E de lá não quero saber de mais nada, só de você,

menina do rio.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 12/08/2012
Reeditado em 12/08/2012
Código do texto: T3825988
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