Minha saudade do meu querido pai.
Minha saudade late, se debate. Pinica.
Tensiona a alma, esperneia o coração, faz suar, faz desafinar.
Vem num barco tardio, que nunca deveria ter partido.
E fica. Fica fiando meus dias feito ruminante fiel,
feito grito amordaçado querendo respirar.
Ela é disforme, encardida, maldita até.
Desacorda meus ossos, desparafusa minha razão,
desintegra meu Deus. Todo meu Deus.
Minha saudade rasteja, mendiga, urra de dor.
Faz a lama ferver, faz o grande gelo ruir, faz a morte tremer.
Ela não tem sangue, não tem porta, não tem eco.
Mas dói, toda. Dói calada, sozinha, Abandonada num canto meu qualquer.
Minha saudade vem de perto, vem de longe, mas sempre vem.
Nos tempos de agora se fez aguada, insossa, soldado fiel,
Mas depois do susto, do arrebate certeiro, aí sim.
Seu beijo frio dará o golpe certeiro que porá tudo que é meu de quatro.
Então não conseguirei dormir mais, por certo.
Nem viver mais, quem sabe.
Porque ela deixou a minha tristeza acordada para sempre.
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Dedicada ao meu querido pai, Gerd Silbiger, de quem hoje tenho uma grande saudade.
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