CINQUENTA E SETE
Cinqüenta e sete fevereiros
serpenteiam, entrelaçam,
repicam nas luzes da existência
refletem na persistência
esparramam pelos canteiros;
Sou aquariano
Liberdade sem sorte
Sentença de vida e morte;
Não garimpei nas minas
a pepita de ouro,
nem os dois delicados diamantes
meu menino, minhas meninas,
tesouro!
Que recebi das mãos Divina
nada mais seria como antes;
Passei muito tempo na estrada do viver,
muito tempo exposto no temporal,
algum tempo recluso na saudade
escola pra consciência,
mas o tempo ainda é pouco pra aprender;
Andei, desandei,
os caminhos não cortei
nada evitei
na selva de pedra ou no ermo agreste,
na andança vi a social nata
reis de coroa de lata
e a paria cafajeste;
Raros amores
talvez um ou dois
porém ninguém ficou e depois
se sorri,
também chorei
solitariamente as dores
cada lágrima um verso,
um rio de poesia verteu, aflorou,
traço da autônoma rebeldia,
fina ousadia,
cinqüenta e sete fevereiros de poesia!
A bem dizer
o poeta já escrevia
antes mesmo de nascer;
Fevereiro dia sete às 21:37
lá no Scallet!
Nada aconteceu
Nem a chuva apareceu,
O meu presente
Não se fez presente,
fecha a conta, vamos embora!
Cinqüenta e sete ficou ausente...
Fev/07
ANDRADE JORGE