A MANSÃO DE MEUS TRAUMAS

A MANSÃO DE MEUS TRAUMAS

Olho para a mansão que eu construí.

Vejo a floresta encantada que destruí.

Muros tão alto que acho que é um castelo,

Cravos e pregos tão fixados em todo canto pelo martelo.

Tem lugares que não há teto, pois sonho daqui fugir.

As portas externas não trazem nada para dentro,

As portas internas não deixa nada daqui partir,

Mas tem lugares que não há teto, pois sonho daqui fugir.

Têm candelabros dourados que foram feitos de alianças.

Têm crucifixos nos cantos para as minhas esperanças.

Parede com hera porque a pintura sumiu.

Porta com cupim, pois a vida e mais importante que a madeira morta,

Mas tem lugares que não há teto, pois sonho daqui fugir.

Sou fantasma em minha mansão empoeirada.

Vejo sombras de um passado que não escolhi;

Escolha as quais eu nuca fiz.

Uma maldita genética que me acoita a todo instante.

Quebrei a mobília! Desliguei a televisão.

Choro nos cantos! Sonho com você.

Sonho em fugir pelo calabouço! Minha armadura enferrujou.

Minha espada quebrou! As paredes vão além da visão.

Mas tem lugares que não há teto, pois sonho daqui fugir.

Criei tantas passagens que a mansão virou um labirinto,

Com direito a criaturas mitológicas,

Que estraçalham a minha alma com fome de vida,

Querendo o meu sangue, pois ele ainda lembra-se de você.

Lembra-se do “você” que é bom.

Lembra-se do “você” que eu quero esquecer.

São mais que um “você”!

“Você” virou macha no assoalho,

Como macha na menarca na calcinha de renda,

Mas tem lugares que não há teto, pois sonho daqui fugir.

Na minha mansão há porões empoeirados,

Neles não há ratos e nem baratas,

Há o pior de tudo, há o silencio da solidão.

Há um sótão da escola velha e da escada de madeira.

Há o gordo louco babão que assombra os sonhos das crianças,

Mas tem lugares que não há teto, pois sonho daqui fugir.

Na mansão dos meus traumas às vezes acho caixas e enfeitadas;

São bibelôs ganhos na infância perdida,

É uma estória contada com sotaque perdido,

O fogão alimentado pela lenha que chispa,

Mas dos presentes que mais gosto esta você.

Você que é trauma pela minha sina, mas que me fez viver.

Você que está em toda a mansão dando a esperança de fugir

Pena que carrego o maldito genoma errado e choro,

Mas tem lugares que não há teto, pois sonho daqui fugir.

Andre Zanarella 25-01-2012

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 11/08/2012
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