A Dama de Branco
Tua feição tão pálida e cristalina
Embriaga-me o meu ser
Quando tua pureza de menina
Faz meu espírito morrer!
Sinto teu beijo de anestesia
Abraçar-me com maciez
Curar toda a minha melancolia
Diante desta tua palidez!
Se meus olhos são tão arredios,
E a dor ao peito é tanta
Foi porque na fronte suores frios
Orvalharam essa garganta!
Já não consigo senão deixar-te
Mesmo que não esteja viva
No sonho haveria de abraçar-te
Minha branca e doce diva!
Quanto amor e quanta paixão
Ferve em meu semblante,
Quando se esgota a palpitação
Do teu efeito debilitante!
Por estas veias apenas a dose,
De uma cândida heroína,
Amortalha o sorriso na overdose
Do pó branco da cocaína!