[Casa de Pensão: Histórias...]
[Histórias da Casa de Pensão]
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[À Mesa do bar ao lado da Pensão São João]
Velha pensão
numa ponta de rua
desta cidade tão brasileira...
Pousada de retratistas,
cartomantes velhas,
músicos de sete instrumentos,
portugueses viajantes,
gente fazendo a vida.
Na sala de jantar ladrilhada em losangos,
a janelinha arredondada que dá para cozinha,
traz o cheiro da lenha queimando
que perfuma a casa com o ar da mata;
é o pau-de-angico chiando no fogo...
A salada de tomates verdolengos,
com grossas fatias de cebola,
salpicadas de pimenta-do-reino;
a farinheira de madeira de onde
sai a farinha para cobrir o feijão quente;
a louça branca de bordas floridas;
as xícaras de café gordotinhas,
cujas bordas grossas e lisas,
lembram-me um beijo ‘xonado —
Pensão, pensão,
quanto custa o pernoite, dona?
Pensão, pensão,
eu quero só pernoitar e sair cedo, viu?
Pensão, pensão,
quanto me custa te lembrar?
Pensão, pensão,
quanto me custará pra te esquecer?
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[Itapetininga, 14 de novembro de 1999]
[Parte III]