Um sonho, um puritano
Toda a tristeza de presenciar
Um deserto macio, não menos quente
Amar, correr, cortar, andar
N'um ciclo, n'um sangue, suavemente.
Se ama, adormece e sonha ao luar
Se corre, é pressa, é contra a corrente
Se corta, o sangue nem sede há de matar
Se anda, escorre e em coágulo, sente.
E essa ansiedade que há de me matar
Escorre como em cachoeira, continuamente
Pois sem coágulo, e sem manchar
O pano que, em deserto, é macio e quente.
Na areia o sangue vira pedra mais rápido.