SAUDADE DE SENTIR SAUDADE DO MEU PAI

O tempo é cruel para apagar algumas camadas do peito,

desfaz o que foi feito com maestria sem igual,

vai destruindo os cheiros vividos sem pedir licença, sem avisar, sem nada.

Então, quando nos damos conta, estamos desnudos de sentir, desnudos de perceber a falta, desnudos de esperar pela chegada. Desnudos de tudo, por certo.

Calejamos, amordaçamos e anestesiamos a saudade para que fique quieta lá no seu canto, seja lá qual for este canto.

Aquilo que foi tão vivo, tão presente, tão tudo, hoje é uma fumaça perdida num horizonte qualquer, numa fresta qualquer da nossa memória. Triste realidade, confesso.

Um dia, por certo, seremos nós os protagonistas desta cena.

E talvez vejamos os nossos queridos tendo a mesma fria e calada emoção, a mesma triste e seca constatação.

Teremos, por certo, ido embora de vez.

Somos peças de um dominó que vão caindo para que outras se postem à frente.

É, a fila anda, como dizem por aí.

Passaram-se 10 anos e hoje a saudade não tem mais vigor, não tem mais cheiro, não tem mais gosto, não tem mais nada.

Passaram-se 10 anos e hoje não sinto mais falta daquele que foi, por certo, minha maior referência, meu ombro mais aquecido, meu amigo fiel e sempre vivo, sempre presente.

O que sinto hoje, depois desses 10 anos, é a saudade de sentir saudade do meu querido pai.

E isso enche o meu coração de tristeza, uma triste tristeza.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 09/08/2012
Reeditado em 09/08/2012
Código do texto: T3821958
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