Revoada.
Ter paciência pra esperar o passo, seja ele qual for,
ter calma para aguardar a colheita, por mais tardia que seja,
ter serenidade para ouvir os ventos, por mais sutis que forem,
por mais estranhos que pareçam,
como isso é difícil.
Ser capaz de entender que tudo vem no seu galope,
no seu tempo, na sua onda, na sua dança, na sua revoada,
e não da forma que queremos impor,
como isso é difícil.
Ser capaz de arrancar do próprio peito a aflição,
a chaga pontiaguda da ansiedade,
a nossa vontade insana de atropelar, de cair, de passar por cima do tempo,
de passar por cima de nós mesmos,
como isso é difícil.
Ser capaz de olhar pros lados e ver o que se passa de fato,
ser capaz de entender os tantos e insistentes sinais que vem dos céus,
ser capaz de domar a própria alma até fazê-la dormir,
até fazê-la retomar todo seu fôlego,
como isso é difícil.
Essas tarefas não são dóceis, nem carinhosas,
esses desígnios não se mostram servis, nem coloridos,
esses atalhos são roucos, estranhos, bizarros por certo.
Mas é deste chão que a vida precisa para arrebatar a sua luz,
é só este dorso que a vida precisa escalar para seguir adiante,
é só esta voz que a vida precisa traduzir para cumprir o seu efetivo papel,
do jeito que sempre desejamos,
do jeito que sempre batalhamos,
do jeito que sempre merecemos.
do jeito que sempre plenamente teremos.
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