Revoada.

Ter paciência pra esperar o passo, seja ele qual for,

ter calma para aguardar a colheita, por mais tardia que seja,

ter serenidade para ouvir os ventos, por mais sutis que forem,

por mais estranhos que pareçam,

como isso é difícil.

Ser capaz de entender que tudo vem no seu galope,

no seu tempo, na sua onda, na sua dança, na sua revoada,

e não da forma que queremos impor,

como isso é difícil.

Ser capaz de arrancar do próprio peito a aflição,

a chaga pontiaguda da ansiedade,

a nossa vontade insana de atropelar, de cair, de passar por cima do tempo,

de passar por cima de nós mesmos,

como isso é difícil.

Ser capaz de olhar pros lados e ver o que se passa de fato,

ser capaz de entender os tantos e insistentes sinais que vem dos céus,

ser capaz de domar a própria alma até fazê-la dormir,

até fazê-la retomar todo seu fôlego,

como isso é difícil.

Essas tarefas não são dóceis, nem carinhosas,

esses desígnios não se mostram servis, nem coloridos,

esses atalhos são roucos, estranhos, bizarros por certo.

Mas é deste chão que a vida precisa para arrebatar a sua luz,

é só este dorso que a vida precisa escalar para seguir adiante,

é só esta voz que a vida precisa traduzir para cumprir o seu efetivo papel,

do jeito que sempre desejamos,

do jeito que sempre batalhamos,

do jeito que sempre merecemos.

do jeito que sempre plenamente teremos.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 09/08/2012
Reeditado em 09/08/2012
Código do texto: T3821119
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