Nadar

Nadar, nadar, nadar

Nos 400 graus de fogo

Na torre que repousa na bacia de detergente

No pote de anis estrelado estilhaçado

Parece mesmo estrela no chão, na pá

Nadar, nadar, nadar

No pote sem tampa do distraído garçom

No azeite de reta torta

E a maestrina diz:

- Venha em mim!

Nadar, nadar, nadar

Na pinça que desmonta a flor

Na taça marcada pela boca vermelha

Nas farinhas que se enroscam na prateleira

Nos panos que secam quase tudo

Nadar, nadar, nadar

Ao som da maquina de lavar

Nos chapéus sem cabeça para repousar

No triangulo de circulo caramelo

Nas cores verde, laranja, branca e rubi

Nadar, nadar, nadar

A papa de feijão pergunta:

- cadê a minha fraldinha?

Enquanto o ilusionista de 400 graus negativos

envolve a plateia

Nadar, nadar, nadar

No varal de pregador frágil

Na porcelana delicada

No afrodisíaco Jambu

No timer que avisa a hora de chegar

Nadar, nadar, nadar

No entre o detalhe no preparo

Na mão determinada

No corredor que divide tudo

Na lixeira preta decorada colorida

Nadar, nadar, nadar

Na mangueira de água calma

No lenço que envolve a mesma maestrina

No ruído inesperado

No chão brevemente manchado por suor

Nadar, nadar, nadar

Sendo observado retangular

pelo cliente que almeja sereia sem mar, sem rio

Pelos passos do salão

Pelo talher que sobe e desce

Nadar, nadar, nadar

Sem cessar antes de amanhã

Até fogo se apagar

E ilusionista repousar

Na madrugada.

CRISTIANE COSTA CORES
Enviado por CRISTIANE COSTA CORES em 08/08/2012
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