A insustentável leveza do ser

A insustentável leveza do ser

Estrela das minhas constelações...

Quando no firmamento, nada existe,

(Ou pensamos nada existir)!...

Os céus encobertos por insistentes nuvens

De massas cinzentas, repleta de ectoplasma

Espalhando-se pela casca de um ramo de árvore ressequida e desbotada.

Nada faz sentido, sentir...sem ti.

Sinto o vazio no céu enluarado do meu ser

Entreguei-te o sol e a lua....

Minhas noites ficaram vazias e escuras

E os dias quase sem brilho.

Só existe luz e cor, naquilo que me emprestas

E sinto dor ao pedir-te, emprestado o presente que entreguei-te.

Na distância, sem distância...vejo-te

Entro, dentro do teu olhar

Faço viagem insólita, no teu ser.

Toco t'alma, agarra-se à minha...

Entro dentro dela, de solavanco

E te arranco para dentro de mim.

Andamos de jangada, nos confins...

As luas emprestadas, nos cobrem de luar.

Descemos ribanceira

Mergulhamos num oásis de cachoeiras

Dois seres azuis, brincando de inocência

E poesia nas cristalinas fontes, olho d'água.

Tens ciência, do quanto és importante, para mim?

Pergunte ao sol...a lua e as estrelas

Talvez eles tenham a resposta

Que em mim, não cabe de tanto amor....

Deste-me outra vida!

Outro sentido à vida

Como a poesia faz "parto"!... em mim, todos os dias...

Para inspiração, precisa existir luz

E deste-me as luzes, que estavam perdidas em caminhos sem ermo,

Sem volta...e vejo uma trilha no meio do deserto de mim...

Podes sentir-se invisível, abstrato,

Concreto é o que sinto...devaneios saindo de labirintos

E cavernas, antes morada de morcegos, de olhos vesgos.

Agora paraíso, sem pudores e medos

Moradia de jardins, repletos de odores de gozo e desejos.

Sinto frio e deleito-me em teus sonhos

Em teus ombros delicados, a observar-te, dormir

Segundo à segundo, acordo, só cochilo...

Quase não durmo, a noite uivo feito lobo faminto.

Sinto dores pontiagudas

Zumbidos no labirinto

Sentindo apenas articulações nas palavras

Que vão se juntando, uma a uma

Formando alguma coisa, ou nada.

Só rabiscos perdidos nas areias

Apagados pelo mar, que um dia cobriu meus pés...de água e sal...

Leveza orgânica

Na insustentável leveza do meu ser, monogâmico.

Levanto, abro portas e janelas

Quem sabe, entre, num voo rasante...

Feito ave de rapina, através delas.

Antes que caia no abissal...bebo absinto.

E quero saciar a sede de amor, não minto.

Mentira tem gosto de fel,

E fel é amargo para o acaramelado gosto do amor.

Tony Bahia

OBS. O título: " A insustentável leveza do ser "

Livro de: Milan Kundera

e filme: Direção: Plilip Kaufman

Com os grandes atores: Daniel Day-Lwis - Juliette Binoche

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 08/08/2012
Reeditado em 10/08/2012
Código do texto: T3820143
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