O PADRE E O SERTÃO
-Billy Brasil
07-08-2012 – 14,33 hs - terça-feira –
Pqi-sbc-sp
juazeiro-do-norte-brazil-3.jpg
O padre da paróquia não é muito velho não, uns sessenta e poucos anos.
Dedicado ao extremo, mesmo ao adoecer, não deixa de atender aos fíéis.
Um poço de bondade, o povo dizia santo homem, salvo pequenos enganos.
Todas as quintas, impreterivelmente seu rumo é a feirinha, comer pastéis.

O dono da barraca um descendente nipônico, sorri com o apetite do padre.
Um pouco desastrado, daqueles que derrubam molho na roupa, por ai vai.
O sacerdote sempre risonho, não tem paciência quando o papo é de comadre.
Não suporta falatório dentro da igreja, raro pelos afazeres na igreja o padre sai.

Manhã chuvosa batem a porta da igreja, dona Catarina carece extrema unção.
Os familiares tristes, não sabem o que fazer, na verdade o padre também não.
Depois de vários tombos pelo caminho, a estrada toda barrenta, ele chegou.
Conversou, explicou passagens da bíblia, benzeu depois a mulher viajou.

Todos choravam como era de se esperar, seu marido fecha os olhos da morta.
Obrigado senhor, o padre agradece mentalmente frente à imagem na porta.
Amanhã de volta ao enterro, agora chegando à noite, tinha que ir embora.
A batina fazia dó, tinha barro até nos óculos, passos lentos, chão afora.

Chega à noite, sem energia, erra o caminho, cai num poço fundo abandonado.
Nada quebrou apesar da idade homem forte, seu lema a fé, é o que o conduz.
Conformado pensando como dormir, um clarão, uma mão, ele prostrado.
Levitou, saiu do poço, salvou-se e deduziu, aquela mão era a mão de Jesus.
padre-dacy-canoa.jpg