olhar transcendente
A janela partiu-se, rompeu-se
Pelo destino incauto, e pelo
desejo vasto que lhe cheirava
Os vidros...e pelos mendigos
De mãos estiradas que no cair
Da noite suplicavam
Um naco de oração.....
O vento sopra, e nada mais
Do que isso, sem poesia
Apenas sopra e leva ao
Seu destino o cheiro dos
Lugares que passou...lugares
Já mortos, onde enfileirados
Caixões esperam seus detratores...
E os homens que se julgam
Sadios são paraninfos e faz
De seus mundo sua própria
Alegoria....
E à janela, a mesma janela
Que antes, rosas molhadas
E silêncios prateados tocavam
Suas frestas, passa homens
Empertigados, fingidos homens
Empertigados...e eu os acolho..
Dou-lhes um beijo, um abraço..
Entretanto, cuspo em suas caras....
Com a janela estilhaçada
O susto passou, a vida se revelou...
O espanto maior veio, foi quando
O sol tomou conta da sala, dos
Quartos, dos banheiros.
E eu me revelei! Eis em mim
um olhar que trascede!...
A verdade não era o que estava
Lá fora fuçando as estrelas...
Era a janela, que agora, cacos,
Não me parece coisa séria...