Estilhaços
A janela partiu-se, rompeu-se
Pelo desejo incauto, e pelo
Medo vasto que lhe cheirava
Os vidros...
O vento sopra, e nada mais
Do que isso, sem poesia
Apenas sopra e leva ao
Seu destino o cheiro dos
Lugares que passou...lugares
Já mortos, onde enfileirados
Caixões esperam seus detratores...
E à janela, a mesma janela
Que antes, rosas molhadas
E silêncios prateados tocava
Suas frestas, passa homens
Empertigados, fingidos homens
Empertigados...e eu os acolho..
E cuspo em suas caras....
Com a janela estilhaçada , com
O susto passou, a vida se revelou...
O espanto maior veio, foi quando
O sol tomou conta da sala, dos
Quartos, dos banheiros e eu
Fiquei sem lugar pra me esconder....
A crença na verdade se
Foi, o amor está guardado
Mas a crença na verdade
Se foi...
A verdade não era o que estava
Lá fora fuçando as estradas...
Era a janela que agora, cacos
Não me causa tanto medo....