Não Serei Eu
A minha palavra,
Aquela, que é para ti,
Há de descansar, ainda,
No fundo das minhas águas.
A vida há de dizer-te,
Com todas as letras,
O que não quiseste ouvir,
O que não compreendestes!
Quando eu não mais existir
Ou quem sabe, dentro em breve,
A palavra há de encontrar
Um bom vento que a leve
Até seus ouvidos moucos,
Até seus murmúrios loucos,
Na hora certa, certeira,
Atravessando as barreiras
E abismos entre nós...
Então, compreenderás
O valor do que matastes,
E a distância intransponível
Que com as mãos, desenhastes
De livre espontânea maldade!