O Poeta da Dor (Dedicado a Diego Martins)
O poeta da dor
Porque tua fronte esverdeada
Descansa sob este copo vazio,
Levaste poeta a vossa amada
Ao teu sepulcro aberto e frio?
Contudo a musa dos amores
Beijo-te o pálido ressequido
Honrou-te o pranto de dores
Ao teu epitáfio envelhecido?
Quisera talvez a face em dor
Sussurrar todo seu pranto,
Sorver nos teus lábios o licor
Pesaroso do frígido acalanto
E quanto à vida extinguir-se,
Entre seu peito moribundo,
Diria para morte ao sorrir-se
Morri sem amar este mundo
Bem vale um copo a mesa
Do que corar tua piedade,
Em uma vaporosa beleza
Da nota triste de saudade
Poeta essa é a tua ventura
Daquele que anseia viver,
Uma nódoa negra e impura
De ser lido para não morrer!