INDECENTE DESEJO

Em meio ao doce perfume
do manjericão,
da cebola bronzeando no azeite
e o queijo derretendo (de ciúme)
na panela de ferro,
assalta-me a lembrança do teu cheiro.

Selo a carne, creme de leite,
salsa e o teu sorriso
espiando-me do molho.
Preciso me concentrar,
descarto teu olho.
O vapor que sobe
é pura saudade.

Não há verdade
no coração de quem ama,
se não houver saudade.

Diminuo a chama do queimador
do fogão,
prá me deter na tua lembrança.
Acende-me, então, a chama indecente
do desejo
que resta sempre quando te ausentas.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 06/08/2012
Reeditado em 06/11/2013
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