Um Senhor Decente
Não respeitem meus cabelos grisalhos,
eles estão me abandonando em vergonha,
sem penhora, um a um, vão indo embora,
tingem de branco meu erros acumulados.
Não sou um senhor maldito em tudo,
com virtudes na gaveta do criado mudo,
alguns versos relatam minha revolta,
ou protegem minha história em escolta.
Desejo ser diferente nos segundos passados,
no presente, contudo, sou o mesmo ineficaz,
tento voltar, porém a chave de ontem é sonho,
é melhor abstrair, pois o arrepender é voraz.
Uma dose de café quente com chocolate,
uma leitura leve que a noite não maltrate,
um banho de rosas e um normal aparente,
pronto para dormir como um senhor decente.