Tarde de Domingo
Um cão quieto no chão da sala,
inerte como o resto de domingo,
uma preguiça acesa em lamparina,
a fala, ao longe, canção de menina.
A tarde marcando treze horas,
a chuva entrando na tela do poema,
terra molhada na dinâmica amena,
os ponteiros do tempo marcando hoje.
Nesse dia nossa febre é nostálgica,
é uma anestesia no curso da vida,
preparação de futuro, fim do presente,
é o olhar opaco, a esperança latente.
É uma teimosia ser eufórico no domingo,
é perseguir a sombra do que não existe,
é dilapidar a gargalhada em riso triste,
e viver na carona das horas restantes.