Tarde de Domingo

Um cão quieto no chão da sala,

inerte como o resto de domingo,

uma preguiça acesa em lamparina,

a fala, ao longe, canção de menina.

A tarde marcando treze horas,

a chuva entrando na tela do poema,

terra molhada na dinâmica amena,

os ponteiros do tempo marcando hoje.

Nesse dia nossa febre é nostálgica,

é uma anestesia no curso da vida,

preparação de futuro, fim do presente,

é o olhar opaco, a esperança latente.

É uma teimosia ser eufórico no domingo,

é perseguir a sombra do que não existe,

é dilapidar a gargalhada em riso triste,

e viver na carona das horas restantes.

Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 05/08/2012
Código do texto: T3814837
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