ADIVINHO O MAR

Queria eu saber o que te dizer oceano

Tenho tanto a te contar e tão poucas palavras

Em teu seio jamais naveguei

Não conheço navios...

Não fui corsário...

Nem predei navios como feroz pirata

Fiquei aqui em tuas praias

Dei à mente as aventuras que o corpo não teve

Travei batalhas...

Sangrei...

Obtive vitorias...

Parti...

Na linha da praia vejo as sombras

A tarde vem caminhando para mim preguiçosa

As ondas não ligam para o tempo que passa

É o mesmo este mar que vejo agora?

Pra onde ele levou minhas historias?

Contos em garrafas?

Mapas do tesouro?

Ilhas... Apenas ilhas...

Oceano quisera eu conhecer teus segredos

Saber das profundezas abissais em que escondes monstros

Terrores para homens...

Serias e tritoes?

Serpentes famintas?

Só lendas... bem sei

Um dia acreditei que me darias aventuras...

E trouxe a tuas costas muitos poemas

Dias saudosos aqueles...

Escrever ao som do mar. vento oceânico a fustigar meus papiros

Imensidão...

Nenhum temor

Aqueles dias eu deixei para traz...

Segui em frente no fluxo inclemente do existir

Afastei-me do mar

Resignado rumo aos vales e montanhas

Belos lugares eu sei...

Novos mistérios?

Alguns...

Mas quando a tarde se faz rubra em um por do sol demorado

Quando sopra do sul aquele vento que quase... quase posso achar salgado

Eu postado em meu quintal olho paras as montanhas

Olho através das montanhas...

E adivinho o mar.