Tropeços divinos
Seja ágil nos arremates, nos rebites mais esquisitos da sua alma.
Seja breve nas retrancas, nos tropéis sisudos,
nas fronhas ainda virgens que tiver ao seu relento.
Seja fugaz nos sussurros bandidos, nos gozos banidos,
nos tropeços divinos,
seja tosco nas envergaduras de cada respirar,
de cada voar, de cada suar.
Seja réu dos seus próprios cangaceiros,
daqueles imundos desejos que fazem seus ossos rastejar
em busca de fogo, em busca de luz, em busca de pus.
Seja palhaço no palitar dos dentes, nas gargantas secas
do seu peito, nas vozes encardidas que Deus trouxer para
perto de você.
Seja arruela nas poças de lama que teimarem em virar a sua pele,
seja bicho enquanto restarem silêncios para tripudiar
as remelas que ainda teimarem em resistir à sua morte.
Seja feitor nos porões dispersos dos seus sonhos,
nas câimbras surradas que os ventos cuspirem em você.
Seja, sobretudo, o contrapeso moleque que as ancas da alegria
teimarem em cerzir nos galopes bastardos da sua fé.
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