O BOLO


Soube-se fofo,
ácido,
ázimo,
sem doce.

Mas desceu a goela.

E ela?
O que a espera
(mais...)
em banco de ipê,

duro,
sem encosto,

brilhando ceguento
em verniz de mofo,
roxo,

salivando horrores
em choros
babentos?
 
Aos cantos da boca 
(semi-aberta)
ponta da língua mordia
em ângulo meio agudo,
meio sisudo
(ou nada disso)

e aos joelhos
(sangrentos)
jurava a criatura: 

"Saúde!" 

(àquele que não veio)
  
           
            Na próxima noite,
            nada de choro
            estourando o miolo
            no forno.
            
            Antes,
            depois
            e durante,
            brindemos.

            Garçon,
            por favor,
            Champagne ! 


Miriam Dutra
Enviado por Miriam Dutra em 02/08/2012
Código do texto: T3810453
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