Perdidamente Perdidos

Te olho nos olhos

Que fogem.

Acompanho-os

Nas veredas dos lençóis

Banhados pelos suores

Desses corpos podres

De demônios insaciáveis

Por pecados

Que temos

Que somos

Que nos compõem

Do cu

À garganta.

Te amo e te repudio

Como repudio o amor

Que neguei a quem deveria

Ter oferecido numa bandeja;

Amor-cabeça-de-João-Batista.

É inegável que confundimos

Carne com o imaterial

E que desfeita a névoa das núpcias

Neste leito alugado perpetradas

Restou-nos nossa realidade afetada.

E quando o embaçamento dos espelhos

Cessar com o vento gélido que penetra

Através dos orifícios dessa janela velha

Estaremos nós refletidos

Perdidamente

Perdidos

Em nós.

02/08/2012 - 17h45m

Dinosaur Jr. - Water

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 02/08/2012
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