Tempo aguardo, aguardo, suado.

O tempo não teme o vento, nem range seus dentes,

é fera insana que sabe onde cada alma se esconde,

é fardo sem trégua que nunca amadurece,

nem morre.

O tempo é aguardo, é aguado, é suado,

sabe traduzir o que a voz não imanta,

sabe sorrir quando a dor reina absoluta.

O tempo gosta dos folguedos, dos medos, dos afetos,

entende cada passo dado, cada tombo levado,

é moleque quando lhe convém,

é tardio quando preciso for,

é aquecido quando este gole lhe cai bem.

Tenho vários tempos dentro de mim, se tenho,

a maioria deles carrego nos olhos, no toque, no respirar,

outros escondo nas sete chaves da minha alma

e nunca os farei vir à tona, nunca mesmo.

Quando for desta pra melhor, meu tempo irá comigo,

todo ele, garanto,

talvez nem todo ele, no entanto,

porque sempre restarão filetes que não foram por mim surrupiados,

nem, tampouco, tocados pelas falanges ocas da minha solidão.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 02/08/2012
Reeditado em 02/08/2012
Código do texto: T3809953
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