Morte
O pó que seiva o poema,
Ex-vida, atrevida em viver,
E porque percorrer os anos
Se não por temer a morte?
O forte pano preto do luto,
Fruto do tempo descabido,
Insano pecado, bruto legado,
Da saudade, desenho da libido.
Tempo em que se perde tento,
Tempo em que se pede tempo,
Vento que não venta a vida,
Vento que salienta a ida.
O nó que amarra o poema
Na esquecida rede do esquecer
Palavras de quem ainda respira,
Sentido último de quem suspira.