Raiva

Em meio a sombra espreita,

raiva que tantas vezes rasgou

meu peito, criança que observa-me

deitado pela pequena fresta.

Não ouso levantar e a porta fechar,

sei que és muito esperta, e a porta

permanece entre-aberta, devora-me

com seus olhos por esta fresta.

Vejo-te! A luz da lua ilumina seus olhos,

não vejo seu corpo, velho monstro!

Rouba minha paz, meu sono.

Tento levantar, mas falta-me forças.

Criança maldita! venha!

Entre em meu quarto, mesmo estando paralisado

não vai rasgar este meu peito atrofiado,

mastigado e cuspido das outras tantas

vezes que tens me visitado.

Rafael Razador
Enviado por Rafael Razador em 02/08/2012
Código do texto: T3809167
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