DESPERTAR
É no silêncio da noite fria que minh’alma cala
Num silêncio de morte, eterno, gelada.
Condenada a uma prisão no chão do meu corpo
Inebriada na solidão das paredes que a prendem
E a condenam ao abismo de uma cova profunda.
Na noite fria de intensa chuva torrencial
Um silêncio observa os trovões indômitos das tempestades tantas
Que se arrastam por anos de explosões incontroláveis
Que sucumbem minh’alma ao exílio de sua liberdade.
Gritos ecoam ao fim da tarde
Grilhões se esforçam num movimento hercúleo antes do ocaso
E da vindoura nova noite fria de tempestades que se aproxima
Numa aflição de Ícaro em pleno voo
Fatal.
É no silêncio dessa noite que minh’alma contempla as estrelas obscuras
Entenebrecidas pelo breu da noite.
E lamenta ser casulo
Esquecendo-se de que a vida brota para além das imensidões do escurecer
Num voo infindo de liberdade e frescor
Que ultrapassa os raios, as montanhas,
As florestas densas para ganhar a paz viver
Ao longo do mar calmo e das suas águas verdes
E infinitas.