CANTO 72

Àos poetas.

Amador Filho

A poesia é a manifestação, mais viva da inteligência humana. É a grande arte que através da inspiração, arranca das profundezas insondáveis do espírito, aquilo que há de mais elevado ou comovente que existe inerente ao ser humano.

Os poetas amam, sonham e sofrem!

Amar é doar-se por inteiro em caráter de totalidade.

Sonhar é buscar nas coisas belas da vida os traços de Deus!

Sofrer é suportar com estoicismo o amor lamentavelmente perdido, o sonho irremediavelmente desfeito.

O tropismo divino atrai e fascina o poeta, poderoso e absorvente, fazendo-o suportar os estados de morbidez e depressão, quando o desencanto e a desesperança cravem-lhe punhais traiçoeiros nos desfiladeiros mais profundos do coração, deixando apenas o saldo negativo, amargo e dolorido na economia dos seus sentimentos.

Neste canto, queremos render uma justa homenagem ao vate luzense que há muito partiu deste abençoada terra de Santa Luz, para conduzir seu veleiro de sublime inspiração por outras plagas.

Ào insigne ARI BRANDÃO, às flores da nossa alegria, às homenagens deste momento, e a beleza do seu soneto:

O SOLITÁRIO.

Não me condenes de ilusões eu vivo,

Talvez até, seja o meu doce alento,

Mas, bem queria um corpo vil, nojento,

Do que viver da solidão, cativo.

Há muito busco conseguir não tento,

Esse meu sonho, que não mais cultivo,

Sem ter amor, não vejo haver motivo,

Para existir meu coração sedento!

É controvérsia, ou talvez loucura,

Não ter amor, e possuir ternura,

Deixar que o bem, esse meu ser invada.

O solitário é desgraçado e triste,

Vive e não sabe que no mundo existe,

Trazendo em si, a habitação do nada!

Santa Luz, inverno de 2007.

Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 31/07/2012
Código do texto: T3805749
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