Tudo ficou impossível de dizer, eu sei,
perigoso demais soltar tanto sentimento.
Eu não sei calar tanto quanto pensei,
nem sei viver desse quase estranhamento.

Um momento e tudo se perde, tudo se vai,
um momento e aquela chama se apaga
e tudo o que foi posto no céu um dia cai
e o que se guardou no mar um dia naufraga.

Tudo ficou impossível de sentir, eu presumo,
não dá nem para fingir que de tudo é o fim,
se nem na morte mais certa eu me consumo,
qualquer incerteza não vai matar o amor assim.

Talvez seja besteira...
morremos com o que morre,
acabamos com o que não segue,
afundamos no dilema de estar vivo
e é a vida, não a morte, que nos persegue...

Vingança dos deuses
ou dos demônios,
inveja que tem os anjos:
somos humanos porque nos refazemos.


(Praça da Matriz, em Tatuí-SP, em 29/07/2012 – 21:02)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 31/07/2012
Reeditado em 06/05/2021
Código do texto: T3805632
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