Necessidades Desnecessárias

Necessária à fragrância da flor

E o colorido das penas do colibri

Jogo de amores seguindo o fluxo

Desnecessário demais coagir

Necessárias às poesias e a caderneta

Interagindo coerências e letras

Sob uma luz bruxuleante no abajur

Desnecessário encerrar o momento

Necessárias às letras do coração

E o próprio respirar noturno

Afagado pela sórdida solidão

Desnecessários o rancor e o medo

Necessito dos necessários prumos

Para alinhar minha voz ao sol

E gritar todas as labaredas de mim

Desnecessário eu colidir em erupções

Afinal eu necessito de dias e cadeiras confortáveis

Minhas vísceras doem quando acordo

E meu braço coxo dói há muitos anos

Desnecessário o lamento e a agonia

Pois a dor que me acompanha noite e dia

Fez-se professora e me formei na vida

Só necessito de um canto de sabiá ao amanhecer

E um olhar brando do anjo que me protege...