Dias e Mortes... Gritos de Vida...

Todos os dias são os mesmos dias

Todas as mortes são inalteráveis

Todos os sentimentos estão ocultos

E os medos correm dos pesadelos

Todos os dias já terminaram

Todas as mortes já viveram

Todos os sentimentos desfeitos

E os medos já temem aquele que não veio

Todos os dias eu morro e renasço

Sentindo que a ferida não cicatrizou

E meus medos são somente insanidades

Solidão é companheira de jornada

Todos os dias mortos em solitários cadafalsos

Todas as sensações frias em um coração gelado

E já não temerei o futuro incerto

Somente caminharei sem maldade alguma

Pois os dias são somente os gritos do tempo

E meus gritos serão os ecos dos meus dias

Não vou mais me sensibilizar pelos inícios

Vou tatear os meios e degustar os finais

Todos os dias são continuações de noites

Todos os gritos são continuações de vozes

E as mortes são as minhas continuações

Dos sacrifícios fúnebres na montanha

Todos os dias são de feitiços e mágicas antigas

Que morreram e foram sepultados em meu coração

Que petrificado pela vida tornou-se inacessível

Agora já não adormeço pelos cantos

Todos os dias eu acordo sem dormir

E vagueio pelo limite das realidades

Buscando as peças perdidas dos meus quebra-cabeças

Buscando um cálice de elixir ou de sangue sagrado

Todos os dias são devaneios

E as mortes são inevitáveis

Somente uma centelha restará

E meu olhar já não é o mesmo

Todos os dias eu vou morrer...

Todas as mortes eu vou nascer...

Todos os medos eu vou vencer...

Todas as noites em solidão necessária...