Martírio Amante
Fluida de essência
A alma se dissolve
Na veste de vinho tinto
Frágil teu fio cintilante voeja
Um Lírio roseta soluçante
Teu olho de cristal desnudo
E a face erma
Nos dedos de cobiça
Inebriar tua boca carmesim
No fundo de sua garganta errante
Viver o pecado como imortais
Saborear as entranhas do laço
Declinar no lençol todo o desejo
Tragar da dor a tristeza
Originar da carne a real beleza
Matar o eterno outono da alma
Trazer do tempo a morte da Morte
Perfumosa, sonolenta e sussurrante dissipando o absoluto espelho inerte
Em ti o silêncio e a pétala nascem
Em ti Amante minha alucinação mais funda morre
A madrugada se rompe e sangramos até a insanidade do ontem
A isso damos o nome de Saudade
A isso martirizamos o amanhecer