Martírio Amante

Fluida de essência

A alma se dissolve

Na veste de vinho tinto

Frágil teu fio cintilante voeja

Um Lírio roseta soluçante

Teu olho de cristal desnudo

E a face erma

Nos dedos de cobiça

Inebriar tua boca carmesim

No fundo de sua garganta errante

Viver o pecado como imortais

Saborear as entranhas do laço

Declinar no lençol todo o desejo

Tragar da dor a tristeza

Originar da carne a real beleza

Matar o eterno outono da alma

Trazer do tempo a morte da Morte

Perfumosa, sonolenta e sussurrante dissipando o absoluto espelho inerte

Em ti o silêncio e a pétala nascem

Em ti Amante minha alucinação mais funda morre

A madrugada se rompe e sangramos até a insanidade do ontem

A isso damos o nome de Saudade

A isso martirizamos o amanhecer

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 29/07/2012
Código do texto: T3802377
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