Românticas Adiposidades
Confesso: nunca aprendi a domar o meu futuro...
E me amanheço neste meu presente,
com todo esse espanto puro
de quem cavalgou uma noite recente...
Meu tempo que tinha o tamanho
da minha perplexidade sempre crua,
me parece hoje tão estranho
quanto uma flor que nasceu na rua.
E a minha ilusão temerária percorria a estrada,
afrontando o meu ceticismo disfarçado de esperança...
Por isso, perplexo, de sonhos gastos na caminhada,
nem mesmo sei quando me perdi de mim (criança).
A banda podre do tempo me alcançou. Em ermo
lugar de mim, do que não fui, moram saudades,
pois ainda não sei como tirar deste meu coração enfermo
todas essas suas românticas adiposidades...