Sombras e Sonhos Inacabados

Sombras esquivas

Entre os esquifes

Que me assombram

Que fogem dos meus olhos de luz

Sombras desfeitas

Entre os holofotes

Que me cegam

Que iluminam os corredores

Sombras noturnas

Entrecortadas

Que se dividem

Que multiplicam os medos

Sombras nos olhos

Da menina soturna

Que caminha diuturna

Que se desfaz entre os becos

Sombras de um sol

Que descasca o mundo

Que desertifica sonhos

Os mesmos sonhos de antes

Sombras e sonhos

Desintegrando-se

Sonhos ungidos no castelo

Sombras ressuscitadas no porão

Sonhos e sombras

Febris e alucinantes

Os mesmos sonhos que acreditei

Agora desmentidos pelas sombrias vontades

Morte dos sonhos

E das sombras

E um renascer

De novas esperanças

Agora são sonhos novos

E as mesmas sombrias dificuldades

Refazendo-se em meu âmago

Iridescentes nessa diáfana luz

Sombras de um éter sonhado

E uma retorcida estupidez

Onde as formas não tem definição

Onde os cegos tateiam em vão

Meus sonhos sobrepondo-se as sombras

Caminhantes sonhos inquebrantáveis

Suspensos sobre esse plano sombrio

Planos feitos sob a luz das velas antigas

Meus sonhos imortais e lancinantes

Perfurando essa malha cósmica

Fazendo-me um grão-sonhador

Se desfazendo em mais uma curta vida

Meus sonhos luzentes

Minhas sombras acolhedoras

Meus passos cansados

E um final que não chega ao fim...

Meus sonhos... Acordados entre as sombras

Minhas sombras... Acordando os seus sonhos

Minha poesia... Tão sonhada e sombria

Meu próprio ser... Entre todos os devaneios

E o que ficou já é tão pouco que deixei para trás...