Enlouquecer após a meia noite.

Vento qualquer ressoa longe, longe

Abraça vozes sinos

Em todos os arquipélagos

Movem-se seringueiras emborrachadas.

Salvem-se todos os humanos

Ensandecidos chamados alguém

Sem nome altura ou peso

Crânio partido em dez

Pensamentos onde não há divisão

Brumas de sangue festejam

Rolam, rolam, rolam pedras

Dentes desmordidos numa língua amarela

Ventos seguem espirros sonâmbulos amolecidos

Passados recheados de goiabada cascão

Mariposas sem asas fazem escadas para o céu

Quinze dedos escrevem torturas

Gritos nas mãos decepadas sem liberdade

Catarse de palavras ao inferno

Rachaduras em estrelas noturnas

Despenca chuva ácida nos olhos

E a cabeça sai da lama gritando os pés

Pés que seguiram o cheiro de um vento qualquer.

Paula Cury
Enviado por Paula Cury em 27/07/2005
Código do texto: T38014
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