cantiga de mato e matuto
ele tem à pele, o pó
aos pés, a pedra
aos olhos, o sol
e às mãos, apenas a palma
tem a calma do rio
e o espinho da rosa
gravado
cravado
em pétala
num dedo mínimo de prosa
mas tem tanta poesia no gesto
no ébrio resto de mim
que ele recolhe do chão
e implora às Treze Almas
uma dose de sossego
um trago de redenção
de onde me vem esta alma?
o que tanto sabe
pra deixar gravado em granito
um poema concreto que nunca se faz?
o que tanto sabe de verde e poesia
pra dar métrica a um meio de mato
onde jades azuis florescem
princesas se encantam
e lagos adormecem em paz