A Palavra Nova

A palavra nova

Inaudita

Descoberta

Que afasta a desdita

Dentição de leite sendo substituída

A palavra nova

Em nova se credita

Compreensão

Que ao mais nos habilita

Suspensão que cai por terra

E fecunda o solo úmido de espera

A palavra nova

Que desenoja o estado antes de ânsia

A antevisão que deixa o vômito contido

A antesensação do retrogosto indesejado

Limpando o paladar, trufa de maracujá

Após o expresso ácido e amargo

Tomado com tanto gosto

A palavra nova

Tomada com tanto gosto

Dos vernáculos emancipatórios

Dos sentimentos aprisionados

Nas correntes ruidosas

Nas sombras saturadas

Nas gretas e frestas ruinosas

Nos porões dos naufrágios esquecidos.

A palavra nova

Que do fundo do mar vem brotar à superfície

Aparição luminosa da lua em noite escura

Desmistificador reconhecimento da própria imagem no espelho

Ao acender redentor das luzes

Ao ascender da fumaça que revela o incêndio

Ao revoar circular dos urubus que revelam o cadáver

Ao último corte do solo à pá que faz brotar o olho d’água

Ao despertar do sonho imediatamente recalcado com a solução do enigma.

Sanyo
Enviado por Sanyo em 27/07/2012
Código do texto: T3799647
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