A Palavra Nova
A palavra nova
Inaudita
Descoberta
Que afasta a desdita
Dentição de leite sendo substituída
A palavra nova
Em nova se credita
Compreensão
Que ao mais nos habilita
Suspensão que cai por terra
E fecunda o solo úmido de espera
A palavra nova
Que desenoja o estado antes de ânsia
A antevisão que deixa o vômito contido
A antesensação do retrogosto indesejado
Limpando o paladar, trufa de maracujá
Após o expresso ácido e amargo
Tomado com tanto gosto
A palavra nova
Tomada com tanto gosto
Dos vernáculos emancipatórios
Dos sentimentos aprisionados
Nas correntes ruidosas
Nas sombras saturadas
Nas gretas e frestas ruinosas
Nos porões dos naufrágios esquecidos.
A palavra nova
Que do fundo do mar vem brotar à superfície
Aparição luminosa da lua em noite escura
Desmistificador reconhecimento da própria imagem no espelho
Ao acender redentor das luzes
Ao ascender da fumaça que revela o incêndio
Ao revoar circular dos urubus que revelam o cadáver
Ao último corte do solo à pá que faz brotar o olho d’água
Ao despertar do sonho imediatamente recalcado com a solução do enigma.