Melodia imortal
Minha terra
(fragmento)
Madrugava no céu. Vinha perto a manhã,
Quando São Pedro abriu serenamente,
A Porta Eterna, branca de luar.
Amparado num véu de nuvem alvinitente,
Róseo qual maçã,
Um anjinho esperava a soluçar.
- Entra - Disse-lhe o Santo.
- Por que choras tanto?!
- Senhor, eu quero voltar!
Cosme Lemos
Melodia imortal
Segui teus passos, nesse silencioso passeio...
Não observaste minha presença
Pedi silêncio aos versos
Me afagaram...São lindos, discretos
Feito a imensidão do espaço oceânico
Onde derramaste uma lágrima e nem notaste que a sequei.
Segui teus passos, nesse silencioso passeio...
Anjo da Guarda, quando caminhas no escuro silêncio
Dou-te asas para voar e voa
Sentindo o cheiro, das flores dos cajueiros, no ar...
Flutuas no espaço, como se o espaço, fosse pasto...
Acasalando ostras e corais, fecundando pérolas negras nos astros!
-Vês? Lá bem longe, quase perto, a cidade onde nasceste?
-Não! Lá é "Natal", a Capital...
-Avistas "Montalegre"?!... Monta Lebre, num cavalo alado,
Relincho, Grilos, Ogros, Fadas, Gnomos, Sacis, Bichos do mato.
Anuas, prenunciam que o dia findará,
Maracás, desabrocham flores, violetas-lilás.
Mágicos tons violáceos de poesia...
O Sol beija a Lua, feito irmã. Imã, nos jardins de Canaã.
Nos céus, infinitos tons azuis, nuvens cor marfim
A natureza feita de rosa, em rosas escarlate,
Pétalas descongeladas, na fria serra, em "Martins".
Virgem do Rosário, protegei-te, não deixeis que em espinhos, te deites.
Sobrevoando terras virgens, desvirginando à madrugada
Nas páginas da poesia de "Cosme Lemos"!...Poeta Potiguar...
Estrelas pequeninas, virgens meninas,
Envergonhadas, usam transparentes sutiãs.
Os seios: Duas romãs...
Lendo tudo de cima, como se nada houvera abaixo,
Como se nada fora antes,
Sentindo o murmúrio d'água, cachoeiras e riachos
Descendo ribanceira acima.
De cima, vê-se tudo ao contrário
Folheias as folhas do Livro Sagrado, pausa,
Ouvindo zumbido de vento, confundindo com valsa.
Levanta bailarina imaginária...
Nos pés, sapatilhas enluaradas e feito andarilho
Equilibrando-se nos trilhos, corda bamba...equilibrista...
No Lago dos Cisnes, banha-se.
Reflexo d'água, no espelho.
Nascente de ricos mananciais...
Estrela te guia, farfalhando folhas, onde folhagens, não há.
Procurando ramos, para presenteá-la.
Imaginação inventada
Sensações...voam...
Como se o tudo fosse nada...
E o nada, tudo.
Gaivotas querendo pousar numa ilha,
Sobrevoando o deserto do Saara.
Dedilhas acordes num piano, branco de cauda
Dedos longos, fazem dissonância na pauta
Melodia imortal, para as estrelas.
Parecem sorrir, quando tenta pegá-las com as mãos dos sons.
Maestro e batuta, iluminando ouvidos e retinas
Rege sinfonia, nas esquinas do espaço
E faz das estrelas, borboletas bailarinas.
Calas , feito a voz do vento, quando vento-ventania, estático...
Navio, submergindo, das gélidas águas no Ártico.
A voz do vento, cala-se, para ouvir-te.
Hiberna, Urso. Com medo de urso, também hiberno.
Na caverna sem luminosidade...
Escrivaninha, Pena, Lamparina...
Infernos e Céus...Sal e Açúcar.
Dor de morte na nuca
E o desejo na boca de saciar-se...
Cálice, tenho sede.
Pálpebras e cílios acomodam-se...
Abro os olhos: Choro na fronha
Não me envergonho, amor é dor e sonho.
Tony Bahia.